1. Conferência Preparatória
de Esperantistas Russos.
Da necessidade de se falar em esperanto.
L. L. Zamenhof, em São Petersburgo, 1910
Talvez vocês se admirem que vos fale, não em russo, mas em esperanto. Talvez vocês digam que, pelo facto de termos neste momento um congresso de compatriotas, e todos, ou pelo menos quase todos, os participantes compreendem muito bem a mesma língua, é muito mais natural falarmos nessa língua. Existem, porém, razões importantes, pelas quais escolhi para o meu discurso a língua pela qual nós batalhamos e pela qual nós nos reunimos.
Os nossos congressos, não só os universais mas também os nacionais, têm, antes de mais, um significado instrutivo e educativo. Esperantistas que vivem longe uns dos outros, em diversas cidades e vilas, vêm em pequenos e grandes grupos para ouvir a nossa língua, para verificar se a aprenderam bem, se a entendem bem, para comparar o seu próprio modo de falar com o dos esperantistas mais experientes. Quando depois regressam a casa, eles mesmos não só falam o esperanto de modo mais puro, como também levam um modelo de boa dicção àqueles que ficaram em casa.
Assim, os congressos regulam o uso da língua, e graças a eles já se fala esperanto de modo exactamente igual, não só nos lugares mais recônditos de cada país, mas também nos lugares mais dissemelhantes por todo o globo terrestre. Já acontece, que quando se ouve um bom e experiente orador esperantista, não se consegue adivinhar a que nação ou país pertence. A vida da nossa língua, totalmente autónoma, com o seu espírito absolutamente próprio, não emprestado nem imitado, torna-se mais e mais forte a cada dia que passa, como se todos os esperantistas do mundo morassem juntos numa pequena porção de terra.